Hieróglifos

Hieróglifos: Seti I – Lista Real de Abydos

A lista real de Abydos também conhecida como a cronologia de Abydos, é uma lista com os nomes de setenta e seis faraós do antigo Egito. Localizada em uma parede do Templo de Seti I em Abydos, no Egito.

A lista é parte de um ritual para invocar os ancestrais considerados dignos. Nomes como Hatshepsut, os Faraós Hicsos e os governantes do período de Amarna (Akhenaten, Tutankhamun…) não estão nela.

Quando se fala na lista Real de Abydos e da sua importância, um pequeno detalhe é pouco observado. Na composição da lista, a parte inferior é toda composta pelo nome de Seti I, Faraó responsável pela criação da cronologia e, na sua titularia de “Filho de Rá”, seu nome aparece de forma incomum.

Transliterado: sa rA Sty mr.n pth wsir

Ao invés de termos o animal que representa Seth, temos o deus Osíris e o Tet, um nó que representa a deusa Ísis, conforme selecionado em vermelho na imagem acima.

Segundo o Egiptólogo Alexandre Piankoff, na publicação: Le nom du roi Sethos en égyptien (1948); 

“O nome de Seti não foi escrito com o hieróglifo do animal de Seth, mas com o sinal de Osiris, às vezes junto com o símbolo de Isis. Este é um exemplo de escrita enigmática: o hieróglifo de Osiris tem o valor de “Š” e o símbolo de Ísis tem o valor de “T”. Em conjunto com os juncos de flores, isso dá: Š (w) t (y)”

Piankoff acredita que esse foi o sistema empregado para referir-se a Seti I. Entretanto, essa troca pode ter outro significado.

Ao realizar a substituição dos símbolos, os responsáveis queriam se referir a Seti I como um Rei já falecido, sendo que a parte inferior (onde aparece os nomes de Seti I) foi toda escrita depois da sua morte. O que pode nos fornecer alguma pista sobre isso, é como os Hieróglifos estão dispostos dentro do cartucho (shen), e como toda a cena que envolve Seti e seu filho Ramsés II é criada.

Basicamente, a substituição dos símbolos pode estar ligada com os seus significados: O Tet (nó de Ísis) permitia que o morto viajasse no submundo com segurança. Ele era colocado amarrado no pescoço do morto. Foi muitas vezes representado junto com o pilar de Osíris (Djed) em diversos amuletos. Veja que ambos, Osíris e o Tet, aparecem lado a lado na substituição do símbolo do animal Seth.

Osíris está sendo representado ao lado de Ptah, como regra básica de fusão das divindades, já que temos na cena completa, oferendas direcionadas a Ptah-Sokar (uma outra fusão bem conhecida dos egípcios).

Sendo assim, a tradução ficaria:

Tradução: Filho de Rá, Seti (falecido/nó de Ísis), amado de Ptah-Osiris.

Transliterado: sa rA Sty mr.n pth wsir

 

 

Fontes / Referências:

KITCHEN, Kenneth A. Ramesside Inscriptions. Oxford, 1975.
PIANKOFF, A. Le nom du roi Sethos en égyptien. 1948.

Leitura recomendada:



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Lucas Ferreira

Natural de Criciúma – SC, Graduado e Pós-Graduado em História pela UNIASSELVI – SC, com ênfase no Antigo Egito. Apaixonado pelos antigos egípcios e desenvolvedor de projetos na área da Egiptologia.

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