Antigo Egito

Estátua de Djedhor e o uso de magia curativa pelos faraós

No antigo Egito, os faraós acreditavam na magia e no poder mágico curativo da palavra escrita; também criam na capacidade da palavra para destruir seus inimigos e aqueles que os atacavam por quaisquer meios. Dentre essas ferramentas protetivas, estavam as “Imagens Mágicas de Hórus”.

O arqueólogo egípcio Dr. Hussein Bassir disse que a estátua de Djedhor, o curandeiro, esculpida em basalto negro, é uma das estátuas faraônicas mais famosas e se encontra atualmente no segundo andar do Museu Egípcio na Praça Tahrir [Cairo].

A grande fama dessa estátua veio de rumores sobre o seu poder, que afirmam que ela é uma estátua mágica. Essa prática data do período tardio da história faraônica egípcia. Essas representações eram usadas para propósitos terapêuticos diversos, especialmente no tratamento de picadas de serpentes, escorpiões e répteis venenosos.

Estátua de Djedhor (detalhe). Cortesia: Dori Llano/Pinterest.

Os símbolos gravados nessas imagens destinam-se a contatar o outro mundo, o “duat”, na antiga língua egípcia. Esse era o mundo para o qual os espíritos iam depois da morte; também era a fonte de tudo e das causas de todas as doenças. Os sacerdotes no antigo Egito tratavam os doentes se comunicando com esse outro mundo. A estátua de “Djedhor” possui todos os símbolos das imagens mágicas de Hórus.

O sacerdote costumava sentar-se diante do paciente com uma imagem na qual Hórus menino apoiava seus pés sobre um par de crocodilos, que apontavam um para o outro. No mundo invisível, crocodilos eram um símbolo do perigo latente que o homem não podia ver. O crocodilo repousaria sob a superfície da água até o momento de atacar.

Hórus apoiando seus pés sobre os crocodilos é um símbolo de superação das causas subjacentes da doença. Hórus segura com uma das mãos um leão, e na outra uma gazela, um símbolo de ferocidade e gentileza. Hórus se põe de pé de forma balanceada, o que era compreendido como um segredo para a cura. Nessa perspectiva, a doença é uma desordem no equilibro do homem. O que os símbolos das imagens mágicas de Hórus fazem é que contatam o mundo invisível numa linguagem simbólica, e restauram o equilíbrio ao paciente, o que o ajuda a se curar. Sobre Hórus está a cabeça do Senhor “Bés”, cuja atribuição era a proteção das crianças. Ele protege o Hórus menino em sua missão.

Estátua de Djedhor. Foto: Mohamed Gamal Rashed, Dez. 2014.

A estátua do sacerdote, “Djedhor”, foi completamente coberta com símbolos que contatam o mundo invisível. Os símbolos de serpentes e escorpiões estavam dentre os mais comuns na estátua. Nas costas da estátua havia um desenho do deus “Haka”, o símbolo da magia cósmica.

O uso da imagem era feito através da água, isto é, os sacerdotes derramavam água sobre a estátua e deixavam-na fluir até uma depressão que ficava sob os pés do Hórus menino. As gotas de água interagiam com os símbolos da estátua, onde a água poderia ser investida com esses símbolos poderosos, e então seria dada aos pacientes para beber ou se banhar com nela; a energia da água conseguiria equilibrar o corpo do paciente e ajudá-lo a se curar.

A estátua tinha uma presença muito forte, com uma energia que não se pode ignorar. Esse sorriso silencioso na face da figura não pode ser ignorado. Era um sorriso reconfortante e pacífico. Uma energia positiva poderia ser transmitida fortemente pela estátua aos corpos dos pacientes e o ajudariam a se curar. Era um Egito faraônico miraculoso, com uma magia irresistível.  

Traduzido de:

DASHISH, A. A. Here’s One Way How Ancient Pharaohs Used Magic for Healing. See news, 10 Agos. 2019. Disponível em: https://see.news/heres-one-way-of-how-ancient-pharoas-used-magic-for-healing/. Acesso em: 10/08/19

Indicação bibliográfica:

DAVID, R. Religião e magia no antigo Egito. São Paulo: Difel, 2011.

TIRADRITTI, F. Tesouros do Egito do Museu Egípcio do Cairo. São Paulo: Editora Manole, 2000.

WILKINSON, R. Symbol & Magic in Egyptian Art. Londres: Thames & Hudson, 1999.

Leitura recomendada:

Luiz Fernando P. Sampaio

Natural de Jacareí - SP, é bacharel e licenciado em História pela Unesp "Júlio de Mesquita Filho", FCHS, Franca - SP. Especializando em História Antiga e Medieval pelas Faculdades ITECNE, Curitiba, PR. Atualmente é professor da rede Estadual de Ensino de São Paulo e na rede privada, ministrando a disciplina de História. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3998141217790326.

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