Novo estudo indica que egípcios usavam obturação dentária
Um recente estudo grego que examinou uma antiga múmia egípcia da era Ptolomaica, desenterrada na “antiga Panópolis”, na cidade de Akhmin, sul do Egito, descobriu que os antigos egípcios usavam obturação dentária.
Arqueólogos examinaram a múmia (AIG. 3343) mantida no Museu Nacional Arqueológico de Atenas, e acharam uma cavidade porosa no dente preenchido com materiais de proteção, o que sugere que os egípcios antigos usaram obturação dentária e provavelmente foram os primeiros a utilizar essa medida protetiva.
O estudo foi publicado no American Association for Anatomy’s the Anatomical Record Journal.
Para examinar a múmia, arqueólogos do Mummy Research Project do Hellenic Institute of Egyptology, Museu Nacional Arqueológico e Centro Médico de Atenas, usaram a técnica da tomografia computadorizada (CT), que provê uma descrição completa do dente.
Eles ficaram surpresos por achar materiais de baixa densidade (obturação dentária) entre o primeiro e o segundo molares no maxilar inferior.
Segundo os arqueólogos, a estrutura única e a baixa densidade do material descoberto são significativamente diferentes dos materiais de embalsamento achados nas variadas partes do crânio da múmia. As dimensões do preenchimento eram maiores que os da cavidade, o que sugere que o material foi deliberadamente colocado lá.
Eles também descobriram que a estrutura do material era diferente daquela do formato do dente, e que haviam outras cavidades não preenchidas com o material. Isso sugere que o preenchimento foi usado como um tipo de terapia e não como parte do processo de embalsamamento.
Embora a descoberta da obturação seja o resultado principal do estudo, arqueólogos conseguiram determinar que os dentes da múmia eram fracos e estavam em péssimas condições em vários lugares. Os problemas variavam de uma perde leve do esmalte dental a uma perda completa de tecido no primeiro molar da mandíbula superior direita.
Os arqueólogos também acharam evidência de infecção severa da gengiva em muitos dentes, junto de uma grande perda óssea em diferentes pontos.
O estudo não buscou a razão por trás da morte da múmia, mas, as características do crânio sugeriram que ele pertenceu a um homem adulto que morreu nos seus vinte anos. A múmia não mostrou mudanças degenerativas significativas na espinha e nas articulações maiores.
Traduzido de:
BADR, H. Ancient Egyptians Used Dental Filling, New Study Suggests. Asharq al-awsat. 4 Ago. 2020. Disponível em: https://english.aawsat.com/home/article/2428311/ancient-egyptians-used-dental-filling-new-study-suggests?fbclid=IwAR3F38u_qyRputeRWqTfX4u2X4qAfHXZI_HniDYwhhQyf92fKzIALNJOcAA. Acesso em: 11/08/20.
Para saber mais:
PANTAZIS, I.; TOURNA, E.; MARAVELIA, A. et al. A Ptolemaic mummy reveals evidence of invasive dentistry in ancient Egypt. American Association for Anatomy. 30 Jun. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ar.24487. Acesso em: 12/08/20.
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