Sobre as mulheres na era faraônica, reflexões de Zahi Hawass
O prestigiado arqueólogo Dr. Zahi Hawass assegurou que as mulheres desfrutavam de muitos direitos durante a era faraônica e eram dignas de apreciação, já que a igualdade de gênero era altamente considerada.
Hawass observou que as mulheres no antigo Egito tinham direito à escolha de um parceiro para a vida toda; uma cena de um painel da tumba de Khayti, em Beni Hassan, exibe um noivo esperando pelo consentimento de sua noiva antes das núpcias. Os casais também firmavam acordos pré-nupciais antes de morar juntos.
Ele confirmou que as mulheres tomaram parte na construção das Grandes Pirâmides. Muitas delas foram encontradas enterradas sozinhas dentro dos túmulos de construtores, sem marido ou filhos, perto de inscrições indicando que eram trabalhadoras na produção de vestuário.
“Já descobrimos um cemitério de uma senhora portando um título que se referia à carreira dela na cervejaria e na culinária”, elaborou Hawass. “Apesar de contribuir em campos distintos, o papel mais proeminente de uma mulher era cuidar de trabalhadores feridos durante o transporte de pedras”.
Vale notar que em alguns casos raros as mulheres se engajavam em posições judiciais. Um documento escrito registrou a participação de uma mulher num tribunal de uma vila e outro caso confirmou a participação de duas mulheres ao lado de três homens num conselho judicial.
“Mulheres tinham controle total sobre suas propriedades privadas e isso dava a elas alguma independência financeira e econômica. Elas tinham direito de iniciar processos legais, testemunhar às cortes, se os testemunhos delas fossem requeridos, e ser responsabilizadas se cometessem algum crime”, disse Hawass.
Hawass pontuou que documentos encontrados no monastério de Medina, a vila onde os túmulos dos artistas e trabalhadores do Vale dos reis foram descobertos, indicaram um caso em que um trabalhador estava ausente por causa de uma disputa com sua esposa; ela o havia mordido gravemente!
A despeito de todos os direitos desfrutados pelas mulheres egípcias antigas, a lei divina não permitia às mulheres governar; apenas homens eram intitulados para governar. “Rainhas ascendiam ao trono apenas em tempos de crise e o governo delas durava poucos anos”, notou Hawass.
“Embora mulheres não pudessem governar, os reis subiam ao poder apenas se tivessem rainhas ao lado deles”, explicou Hawass. “A profecia divina afirmava que o Nilo fora estabelecido pelas lágrimas fieis de Ísis, desse modo ela era reverenciada como a esposa do rei e a mãe do seu sucessor”.
Qualquer um que lesasse esse decreto divino teria de encarar uma população furiosa, como aconteceu com a rainha Hatshepsut, que afirmou sua tutela sobre o pequeno Thutmósis antes de colocá-lo de lado completamente.
Contudo, uma mulher era titulada ‘Nabt Ber’, que significa ‘a dona de casa’, e ela costumava apenas perseguir sua carreira como juíza ou doutora uma vez que tivesse cumprido seu papel como mãe… realmente, as mulheres egípcias eram as Prima Dona dos tempos antigos.
Traduzido de:
DASHISH, A. A.; MAHMOUD, N. Hawass’s Reflections on Women Amidst Pharaonic Era. Sada El balad, Cairo, 3 Nov. 2018. Disponível em: http://see.news/hawasss-reflections-on-women-amidst-pharaonic-era/. Acesso em: 08/03/19.
Indicação bibliográfica:
GRAVES-BROWN, Carolyn. Dancing for Hathor: Women in Ancient Egypt. Londres: Continuum Books, 2010.
HAWASS, Z. Silent Images: Women in Pharaonic Egypt. Cairo: The American University in Cairo Press, 2009.
NOBLECOURT, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos faraós. Trad. Tânia Pellegrino. Campinas: Papirus, 1994.
ROBINS, Gay. Women in Ancient Egypt. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1993.
Muito bom!
Obrigado Larissa, agradeço o retorno.
Deixei um comentário na página do Facebook e repito aqui: tem bastante conteúdo que não é veiculado nas redes sociais, o que dificulta pra acompanhar o site. Seria muito bacana ter divulgação no Facebook e no Instagram também de cada post. Eu acompanharia com certeza.
Abraço!
Oi Larissa,
agradeço pelas suas valiosas observações e, certamente, iremos considerá-las com bastante cuidado.
Obrigado e um abraço fraterno!