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Conhecendo o Egito: Estátua de granodiorito da deusa Sekhmet

Foto: Adriano Vizoni/Folhapress.

Estátua da deusa Sekhmet. Com cabeça de leoa, peruca longa tripartida, rosto contornado por uma juba e trajando um vestido longo, a divindade porta o disco solar e o uraeus sobre a cabeça e na mão esquerda um cetro papiriforme, que eram alguns de seus atributos. Tem 2,10m de altura e pesa aproximadamente 600 kg. Pertence a uma série de 21 estátuas do acervo do Museo egizio, de Turim, Itália, localizada originalmente no templo da deusa abutre Mut, em Karnak, na antiga cidade de Tebas, atual Luxor.

Sekhmet, cujo nome significa “a Poderosa”, era associada à magia, ao sol, à guerra, às pestes e à cura; os sacerdotes da deusa podem ser vistos como a primeira comunidade de médicos que existiu no mundo antigo, segundo estudiosos.

Numa versão de um antigo mito, ela foi enviada à terra pelo deus Rá a fim de exterminar a humanidade, e só teria sido impedida após ser embebedada com cerveja avermelhada, acreditando que estava tomando sangue humano.

Sua força e proteção eram invocadas em hinos e fórmulas mágicas, como numa passagem do Capítulo 164 do Livros dos Mortos: “Salve ó tu, Sekhmet-Bastet-Rat, senhora dos deuses (…) única que está na fronte de seu pai; não há deuses mais eminentes do que ela; grande de magia na barca dos milhões de anos, prestigiosa de aparição no lugar do silêncio (…). /Glória a ti, que és mais corajosa que os deuses!”.

Muitas eram as divindades felinas egípcias, sendo Sekhmet uma das mais conhecidas e importantes. Seu centro de culto principal ficava em Mênfis, onde fazia tríade com Ptah (esposo) e Nefertem (filho).

O leão (leoa no caso!) era o principal animal sagrado associado a ela. Leões foram mumificados no Egito antigo e os casos conhecidos de enterramentos desses régios felinos são relativamente raros, incluindo achados em cemitérios em Saqqara e Abydos.  

A peça se encontra temporariamente no Brasil para a exposição itinerante “Antigo Egito: do cotidiano à eternidade”, em cartaz nas unidades do CCBB entre 2019 e 2020.

Material: Granodiorito. Dimensões: 213 cm (A). Procedência: Coleção Drovetti.

Data: Novo Reino, XVIII Dinastia, reino de Amenhotep III (1390-1353 BC)

Referências:

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Luiz Fernando P. Sampaio

Natural de Jacareí - SP, é bacharel e licenciado em História pela Unesp "Júlio de Mesquita Filho", FCHS, Franca - SP. Especializando em História Antiga e Medieval pelas Faculdades ITECNE, Curitiba, PR. Atualmente é professor da rede Estadual de Ensino de São Paulo e na rede privada, ministrando a disciplina de História. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3998141217790326.

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