Antigo Egito

O perfume de Cleópatra foi mesmo recriado?

Muitos historiadores e arqueólogos anunciaram recentemente que haviam conseguido recriar o perfume de 2000 anos de idade da famosa rainha faraó egípcia Cleópatra.

Uma escavação de uma década, perto do Cairo, desenterrou a receita e sua recriação é uma mistura espessa e pegajosa feita de mirra, cardamomo, azeite e canela.

Mais espesso do que os perfumes de hoje – com uma consistência similar ao do azeite – o aroma é mais forte do que seus equivalentes modernos e demora muito mais tempo sobre o corpo.

‘Que emoção é sentir o cheiro de um perfume que ninguém sentiu por 2000 anos e um que Cleópatra pode ter usado’, disse Professor Littman, um dos acadêmicos envolvidos no projeto, a respeito do empreendimento.

Busto de mármore de Cleópatra VII, c. 50-30 a.C. Foto: Christoph Gerigk, Altes Museum, Berlim.

Especialistas em perfumes do antigo Egito foram trazidos para recriar o perfume baseado em fórmulas dos antigos textos gregos.

O perfume está atualmente em exibição no National Geographic Museum em Washington, D.C.

Enquanto isso, alguns arqueólogos levantaram muitas questões sobre a possibilidade da recriação dos perfumes de Cleópatra e sobre a verdade por trás da descoberta anunciada pela missão arqueológica, em adição ao interesse de alguns cientistas em redescobrir as vidas dos antigos egípcios.

Por sua vez, o arqueólogo egípcio Dr. Hussein-Bassir excluiu a possibilidade de se ter acesso ao perfume usado por Cleópatra.

Ele disse que tais anúncios contradizem a verdade científica, salientando que não existe nenhuma evidência arqueológica que mostre qualquer relação de Cleópatra com o perfume.

“Como esses cientistas sabem que Cleópatra usou esse perfume?”, questionou Bassir.

Perfume exposto na exibição ‘Queens of Egypt‘, no National Geographic Museum, Washington, D.C. Cortesia: National Geographic Museum.

“Não existe um único fato que conecte a fragrância descoberta nessa parte do Delta com a charmosa rainha”.

Ele acrescentou que as escavações num sítio em Tell-El Timai, localizado perto da capital egípcia do Cairo, que data de 300 a.C., está muito longe da corte de Cleópatra em Alexandria.

Ele observou que a cidade costeira de Alexandria tinha muitos fabricantes de perfume e oficinas que negociavam com corte a real.

Confirmou que relacionar esse perfume em particular com Cleópatra é algo estranho e contrário à lógica.

Recriando o perfume de Cleópatra

Depois de tanto tempo, as ânforas não mais retêm o cheiro do resíduo líquido dentro delas. Contudo, os pesquisadores fizeram uma análise química do resíduo que revelou alguns dos ingredientes chaves da mistura líquida.

Pegando os ingredientes encontrados no antigo resíduo, e se debruçando sobre informações achadas em antigos textos gregos sobre o assunto, os pesquisadores foram capazes de recriar fórmulas para perfumes daquela era. Dada a idade e o lugar de descoberta do resíduo, pesquisadores inferiram – mas não têm certeza – que esse poderia ser o perfume de Cleópatra.

A antiga fórmula do perfume que os pesquisadores cozinharam usava uma base de mirra – resina originária de uma árvore nativa do Chifre da África e da Península Arábica – junto de outros ingredientes que você certamente deve ter no armário de sua cozinha, como azeite, canela e cardamomo.

Traduzido de:

DASHISH, A. B. Is Cleopatra Perfume Really Recreated or Not? See news, 17 Agos. 2019. Disponível em: https://see.news/does-cleopatra-perfume-really-recreated-or-not/. Acesso em: 21/08/19.

Para mais informações:

Cleopatra’s ancient perfume recreated. University of Hawaiʻi News, 30 Jul. 2019. Disponível em: https://www.hawaii.edu/news/2019/07/30/cleopatras-perfume-recreated/. Acesso em: 21/08/19.

Indicação bibliográfica:

BENCHLEY, E. Cleópatra. Madrid: Folio, 2005.

SCHWENTZEL, C. G. Cleópatra. Porto Alegre: L&PM Editores, 2013.

FLETCHER, J.  Cleopatra the Great: The Woman Behind the Legend. Nova Iorque: Harper Perennial, 2012.

__________. Oils and Perfumes of Ancient Egypt. Nova Iorque: Harry N. Abrams, 2000.

MANNICHE, L. Sacred Luxuries: fragrance, aromatherapy, and cosmetics in Ancient Egypt.  Ithaca, Nova Iorque: Cornell University Press, 1999.

Leitura recomendada:



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Luiz Fernando P. Sampaio

Natural de Jacareí - SP, é bacharel e licenciado em História pela Unesp "Júlio de Mesquita Filho", FCHS, Franca - SP. Especializando em História Antiga e Medieval pelas Faculdades ITECNE, Curitiba, PR. Atualmente é professor da rede Estadual de Ensino de São Paulo e na rede privada, ministrando a disciplina de História. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3998141217790326.

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