Antigo Egito

Egípcios pré-históricos já realizavam mumificação, mostra estudo

Cientistas chegaram à conclusão de que os egípcios pré-históricos também mumificavam os mortos bem antes do advento dos faraós, e essa descoberta foi feita após análises de restos mumificados de um corpo pré-históricos datado do período entre 3700 e 3500 a.C.

Como reportou a CNN, desde 1901 a múmia pré-histórica estudada tem sido mantida no Museu Egípcio em Turim, Itália, e análises da múmia mostram que os egípcios já eram embalsamadores perspicazes 1500 anos antes da chegada dos faraós. Embora tenha sido sempre claro que esse homem estivesse mumificado, os cientistas acreditavam que, nesse caso, o processo de mumificação ocorrera como um resultado natural, por ele ter sido enterrado nas areias quentes do deserto.

 

Múmia de Turim. Cortesia: Raffaella Bianucci.

Contudo, atualmente os cientistas sabem que no tempo que essa múmia foi criada, os egípcios já tinham o conhecimento e as ferramentas para mumificar seus mortos, e também tinham fortes crenças religiosas sobre o pós-vida para o qual essas múmias iriam. Cientistas registraram que, antes de suas pesquisas nessa múmia, já haviam outros indícios de que os egípcios estavam criando múmias muito antes do que se pensava.

Por exemplo, no caso de algumas múmias descobertas, arqueólogos notaram que elas foram encontradas ao lado de bolsas cheias de resinas. A maioria dessas múmias pré-históricas foram achadas no Médio Egito, nas regiões de Badari e Mostagedda, e podem ser datadas de período que vai entre 4500 e 3350 a.C.

A ideia por trás das múmias é de que a pessoa falecida seria capaz de seguir vivendo no além, da mesma forma como ela existia enquanto ainda estava viva aqui na Terra. Nesse sentido, se um egípcio perdesse um membro, um médico habilidoso anexaria um outro de madeira à múmia, então, ele seria capaz de sobreviver no além sem impedimentos.

Os corpos dos egípcios que foram deixados nos sítios arqueológicos pré-históricos foram largados e ignorados até o século XX. Já que os arqueólogos não criam que os egípcios pré-históricos compreendessem o processo de mumificação, não haviam boas razões para examinar os corpos achados naqueles sítios e analisar a resina e os unguentos preservativos deixados para trás.

 

Resina achada nas faixas. Cortesia: Ron Oldfield.

Porém, através dos anos, à medida que a múmia de Turim foi estudada, se achou que a resina e os extratos de plantas aromáticas deixadas com o corpo continham agentes antibacterianos, que teriam sido usados como repelentes contra insetos, enquanto mantinha o tecido corporal flexível e preservado. Cientistas que estudavam assinaturas químicas encontradas na múmia, também descobriram que o corpo havia sido levemente aquecido, o que significa que uma fórmula especial teria sido usada no linho antes da múmia ter sido enrolada.

 

Detalhe das fibras de linho. Cortesia: Ron Oldfield.

O conhecimento que os egípcios do período tinham sobre resinas era profundamente extenso, como explicou Jana Jones (arqueóloga da Universidade Maquarie). “Eles tinham acesso a resinas do Mediterrâneo Oriental, o que sugere um comércio a longa distância. Componentes similares eram usados nos unguentos dos enterros que ficavam 200 km entre si e, de fato, continuaram a ser usados em proporções similares durante o período faraônico, cerca de 2500 anos mais tarde, quando as habilidades de embalsamamento estavam no auge, o que mostra a natureza duradoura da inventividade egípcia.”

Embora agora se saiba que os egípcios estavam mumificando seus mortos muito tempo antes dos faraós, ainda não se sabe como esse indivíduo no Museu Egípcio em Turim morreu, e por causa da fragilidade dessa múmia, seria quase impossível submetê-la a análises com raio-x.

 

Traduzido de:

MOORE, K. Scientists Have Discovered That Prehistoric Egyptians Mummified Their Dead Long Before The Pharaohs. The Inquisitr, 2 Out. 2018. Disponível em: https://www.inquisitr.com/5098148/scientists-have-discovered-that-prehistoric-egyptians-mummified-their-dead-long-before-the-pharaohs/. Acesso em: 06/10/18.

 

Para maiores informações:

JONES, J.; HIGHAM, T.F.G.; CHIVALL, D. et el. A prehistoric Egyptian mummy: Evidence for an ‘embalming recipe’ and the evolution of early formative funerary treatments. Journal of Arcaheological Science, 16 Ago. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jas.2018.07.011. Acesso em: 06/10/18.

JONES, J.; HIGHAM, T.F.G.; OLDFIELD, R. et al. Evidence for Prehistoric Origins of Egyptian Mummification in Late Neolithic Burials. PLOS ONE, 13 Ago. 2014. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0103608. Acesso em: 06/10/18.

JONES, J. Prehistoric Egyptians mummified bodies 1,500 years before the pharaohs. CNN. The Conversation, 28 Set. 2018. Disponível em: https://t.co/V2JSSEMlyq. Acesso em: 06/10/18.

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Luiz Fernando P. Sampaio

Natural de Jacareí - SP, é bacharel e licenciado em História pela Unesp "Júlio de Mesquita Filho", FCHS, Franca - SP. Especializando em História Antiga e Medieval pelas Faculdades ITECNE, Curitiba, PR. Atualmente é professor da rede Estadual de Ensino de São Paulo e na rede privada, ministrando a disciplina de História. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3998141217790326.

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