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Conhecendo o Egito: caixa para múmia de serpente

Caixa para guardar a múmia de uma serpente, da coleção do Metropolitan Museum, de Nova Iorque. A estátua sobre a caixa apresenta uma serpente enrolada e com cabeça erguida, em posição de proteção. No Egito as serpentes estavam associadas a muitas divindades, como Uadjit, Meretseger, Renenutet, Neheb-kau, Mehen, Apophis (Apep), e várias outras, que evocavam as forças universais da criação, transformação, destruição, morte e eternidade, conforme atestam os testemunhos iconográficos e textuais.

Narrativas míticas como a do olho do deus sol Rá, que assume a forma de uma serpente, ou então a do nobre marinheiro náufrago que se encontra com uma cobra sábia e gigantesca numa ilha misteriosa, nos dão a ideia de como essas criaturas ocupavam lugar importante na cultura egípcia antiga.

Eram associadas às práticas mágicas, conforme uma varinha mágica de bronze em formato de cobra achada na tumba de um suposto mago em Tebas e a narrativa bíblica do livro do Êxodo, em que Moisés enfrenta os magos do faraó e seus truques mágicos com cobras.

Foram encontradas serpentes mumificadas em diversos antigos cemitérios egípcios: Akhmin/ al-Hawawish, Kom Ombo, Lahun/ al-Lahun, Manfalt/ es-Samun/ al-Maabda, Sa al-Hagar/ Sais, Saqqara, Tel al-Fara’in/ Buto e Tebas.

Cobras eram encontradas em todos os locais: nas areias do deserto, em paredes velhas, nos campos, nos pântanos do Nilo, nos pisos, nas casas, nos recintos onde ficavam o gado e na pastagem. As picadas delas eram certamente um desafio ao povo das pirâmides, e sabemos através do Papiro Brooklyn (séc. VI a.C.), que 37 espécies eram conhecidas, bem como sua tipologia, seu hábitat, se a peçonha era mortal ou não, os sintomas das mordidas e ainda alguns tratamentos propostos pelos médicos, que incluíam líquidos e substâncias minerais, animais e vegetais, além de encantamentos.

A peça pertencia à coleção do juiz Elbert E. Farman, formada quando este foi cônsul geral no Egito entre 1876–84, e foi doada ao museu por Darius Ogden Mills em 1904.

Material: Cobre. Dimensões: 9,4 cm (A) X 11,8 (L) X 4 cm (P). Procedência: desconhecida.

Data: Período Tardio – Período Ptolomaico, 664–30 B.C.

Referências:

Box for an animal mummy surmounted by a coiled, rearing snake, 664–30 B.C. The Met. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/570727. Acesso em: 28/06/19.

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Luiz Fernando P. Sampaio

Natural de Jacareí - SP, é bacharel e licenciado em História pela Unesp "Júlio de Mesquita Filho", FCHS, Franca - SP. Especializando em História Antiga e Medieval pelas Faculdades ITECNE, Curitiba, PR. Atualmente é professor da rede Estadual de Ensino de São Paulo e na rede privada, ministrando a disciplina de História. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3998141217790326.

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